segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Raimundo Nonato de Sousa "O Natim"


Uma singela homenagem das filhas Tânia, Taboza e Tavânia

Poeta autodidata
De cognome Natim
Por sua alma pacata
Pra muitos ficou na memória
Sua vida de luta e de glória
Sua filosofia inata.

Uma filosofia de vida
Nem sempre valorizada
Com seu trabalho humilde
Que não lhe rendia nada
Mas dava satisfação
Era esta sua missão
Era esta sua jornada.

Versava pra tudo na vida
Deixava sua contribuição
Política, Guerra, catástrofe
Ciência, fé ou razão
Sua vida matéria-prima
Se transformava em rima
No meio da discussão.

Não tinha dinheiro e poder
Para grandes decisões
Mas tinha a dignidade
De fazer afirmações.
Que às vezes incomodavam
E muitas vezes chocavam
Mas tinham suas razões.

Morte velha sem vergonha
Que não respeita um nome
Que assombra a humanidade
E que ameaça o homem
“Quando eu encontrar com ela
Eu vou dar um drible nela
Neste dia a faca come”.

Dizia o velho Natim
Que várias vezes venceu
A luta que ameaçava
Uma vida em que tanto se deu
Era um ser em extinção
De grande e bom coração
Guerreiro que a vida perdeu.

Ficava uma figura engraçada
Quando brincava com a morte
Dizendo transformá-la em vida
Pra logo voltar firme e forte
E então num segundo viver
Bem menos erros fazer
Ter melhor senso e sorte.

Não tinha superstição
Se declarava-se ateu
Foi fraco na sua fé
Era um cético, um plebeu
Seja de médico ou de louco
Ele também tinha um pouco
Em tudo que escreveu.

Queria mudar o mundo
Pois não sabia aceitar
Tão grandes contradições
No seu modo de pensar
“O mundo virou um brega.
Se correr o bicho pega
E vai comer se ficar”.

Havia uma certa revolta
Uma grande insatisfação
Queria ajudar os mais fracos
Mas não tinha condição
Sonhava com um mundo mais justo
Queria a grande custo
Compartilhar o seu pão.

Quem o conheceu em vida
Nem sempre o compreendia
Com seu espírito de critica
Não tinha hipocrisia
Suas idéias revolucionárias
De tantas leituras diárias
Não eram demagogia.

Combatia o fanatismo
Não tinha religião
Analisava os dogmas
Da igreja e a exploração
Que às vezes usava Deus
Em prol de interesses seus
Pra defender seu milhão.

Nordestino sofredor
Não construiu bens de fato
Sua riqueza era outra
Era um artista nato
Pagou o preço dos bons
Não diplomou os seus dons
Viveu no anonimato.

Mas em toda a sua vida
Só praticava o bem
Se algum mal ele fez
Foi a si não a ninguém
Se existir salvação
Na nossa concepção
O poeta é salvo também.

“Este mundo não é o meu”
Dizia o grande guerreiro
Por isso saiu a buscar
Um mundo mais companheiro
Em que o bem é perfeito
Em que criança tem respeito
E o homem é mais verdadeiro.

Vai então velho querido
Em busca da perfeição
Vai procurar o conforto
Nos braços da criação
Encontra teu mundo de paz
Exemplo não morre jamais
Tua vida não foi em vão.

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